Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Dia da Criança não pode ser considerado uma data comemorativa para milhares de famílias do país. Para muitos pais e mães brasileiros, o feriado é de saudades e incertezas. Isso porque seus filhos estão desaparecidos, e a falta de notícias sobre seus paradeiros torna a data um dia mais triste.
A Fundação Criança de São Bernardo do Campo e a Associação Mães da Sé, buscando uma reflexão sobre este tema, organizaram uma exposição fotográfica com retratos de crianças desaparecidas. A 1ª Exposição Fotográfica Itinerante de Crianças e Adolescentes Desaparecidos reúne fotos, informações e relatos sobre 34 desaparecimentos registrados no estado de São Paulo.
Os retratos estarão expostos até o próximo dia 31 na sede da Fundação Criança (Rua Francisco Visentainer, 804, bairro Assunção). De lá, seguirão para escolas, universidades e prédios públicos da região metropolitana de São Paulo.
Ao lado de cada retrato, o nome completo do desaparecido, data de desaparecimento e dados de seus pais. Além disso, uma breve explicação sobre como cada um deles desapareceu, mostrando como crianças e adolescentes brasileiros vivem em uma situação de vulnerabilidade.
“Elaine foi ao supermercado próximo de casa comprar doces e desapareceu”, está escrito ao lado da foto de Elaine Cristina Ferraz, que sumiu em outubro de 1988. O desaparecimento de Thaise Cristina Meciano, em agosto de 1998, é descrito assim: “Thaise saiu de casa sem avisar seus pais e não retornou.”
Ivanise Esperidião da Silva Santos é a presidenta da Mães da Sé. Ela fundou a associação há 15 anos, meses depois do desaparecimento da filha Fabiana Esperidião da Silva. Desde então, procura informações que levem a localizar Fabiana, reúne por conta própria dados de outros desaparecidos (já são mais de 6 mil) e reivindica maior atenção do governo no atendimento às famílias.
“No país há um controle sobre o homicídios, roubos de carros, mas não há um cadastro de todos os desaparecidos”, disse à Agência Brasil, depois da abertura da exposição, ontem (11). “Precisamos de um cadastro nacional para facilitar as buscas.”
Ariel de Castro Alves, presidente a Fundação Criança, ratifica a necessidade da implantação efetiva do cadastro de desaparecidos. Ele disse que o governo federal anunciou a criação do cadastro em março do ano passado. Entretanto, o número de cadastrados ainda é muito pequeno diante dos quase 40 mil casos de desaparecimento de crianças e adolescentes ocorridos por ano no país.
“Esta exposição é para chamar a atenção da sociedade para o problema dos desaparecimentos”, declarou. “No Dia da Criança, milhares de famílias não têm o que comemorar porque não têm sua criança em casa”, completou.
Edição: Aécio Amado
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